O artigo descreve polêmicas envolvendo o estabelecimento da forma parabólica da trajetória dos projéteis, atribuído a Galileo Galilei (1564-1642). A primeira envolve o estudioso Raffaello Caverni afirmando que Galileo teria roubado a descoberta do discípulo Bonaventura Cavalieri, e, de outro lado, Emil Wohlwill e Antonio Favaro opondo-se decididamente, com Favaro acusando Caverni até de falsificação de documento. A segunda envolve Alexandre Koyré propondo que Galileo estabeleceu a priori, à maneira platônica, suas “leis fundamentais do movimento”, e Stillman Drake defendendo um Galileo que teria começado com experimentos anotados em manuscritos redescobertos pelo mesmo Drake em 1973. Em comum, ambos entendem a forma da trajetória dos projéteis como resultado de dedução matemática a partir daquelas “leis fundamentais”. David Hill e Ronald Naylor trarão uma inversão interpretativa, afirmando que alguns dos manuscritos redescobertos registram experimentos destinados à confirmação da trajetória parabólica, que seria, assim, a descoberta fundamental. A última polêmica envolve David Hill propondo que Galileo primeiramente viu a forma parabólica na “urina masculina” (sic), enquanto Jürgen Renn, Peter Damerow e Simone Rieger defendem que em 1592 o jovem pisano e o Marquês Guidobaldo del Monte a viram exatamente das formas posteriormente descritas pelo próprio Galileo em seus Discorsi de 1638.
Galileu, Discorsi, projéteis, trajetória, forma parabólica.